quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Capítulo 1

“ Quando os homens começaram a multiplicar-se na terra e lhes nasceram filhas, os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram bonitas, e escolheram para si aqueles que olhas agradaram” (Gênesis 6: 1-2)

A história da humanidade é repleta de lacunas. Infelizmente nem tudo que aconteceu durante a curta jornada de nossa espécie foi transmitido geração à geração. Grandes heróis,feitos extraordinários, lágrimas, sorrisos, poderes, conhecimentos, e outra infinidade vagam hoje sem rumo no mundo esquecimento. De todos os grandes mistérios da raça humana, se destaca um que remota de uma época muito distante, perdido nas memórias assombrosas de muitas civilizações antigas. Época esta em que a raça humana começava a dar seus primeiros passos rumo ao que hoje chamamos de civilização. Uma história onde a humanidade encarou o pior de todos os desafios,a pior de todas as guerras.


Aproximadamente 10.000 a.C. Costa da atual Espanha, Gadir.


O Sol brilhava forte na cidade portuária de Gadir. O céu estava limpo como a muito tempo não se via, uma brisa agradável dava a todos os moradores a sensação de que a bonança permaneceria por muito tempo. A população de Gadir, em torno de quatrocentos , estava bastante agitada com os últimos acontecimentos. Aproveitando as condições favoráveis dos últimos meses, muitos barcos chegavam de todos os lugares do grande Império. A cidade foi escolhida pelos atlantes como principal porto na terra dos homens. Exibia uma beleza sem comparação dentre todas as terras conhecidas. Não existiam construções imponentes na cidade-porto, todas as casas eram feitas de tijolos e não passavam de um pavimento. O único ponto de destaque nas proximidades era o Primeiro Farol de Tartessos. O Primeiro Farol estava posicionado no topo da maior colina. Era pintado em azul e vermelho, a pintura seguia uma espiral que partia da base até o topo, no formato de um obelisco. Mas que o formato ou cores do farol era a agradável chama azul que indicava o domínio dos Filhos de Poseidon.
Os cidadãos de Gadir estavam acostumados a receber o ano todo carregamentos para manter o estilo de vida atlante dentro da poderosa cidade de Tartessos. Tartessos era conhecida como a capital atlante na terra dos homens. Chegava ao Porto de Gadir rotineiramente não mais de dois carregamentos mensais, repleto em sua maioria, de artigos de luxo e especiarias. Depois que o Grande Rei Atlante Artus decidiu que a Casa de Gadiros teria que ter sua capital transferida para Tartessos, todos os dias chegavam inúmeros barcos repletos de cidadãos e suprimentos provenientes do Principado de Gadiros.
O povo de Gadiros era conhecido por sua incrível competência na navegação e na pesca. Seu dever era o de vigiar toda costa Atlante e os mares próximos. Estavam sempre atentos a qualquer coisa que ameaçasse a integridade do povo Atlante, desde mostros marinhos até os temidos filhos de Deus. Gadiros, a quem foi atribuida a origem deste reino atlante, era um dos dez filhos de Poseidon com Cleito, sendo irmão gêmeo de Atlas o filho primogênito e primeiro Rei de Atlântida. Gadiros recebeu o dever de defender o Reinado do irmão, ficando responsável pela defesa da única via que os seres que viviam na Terra conheciam para chegar ao Reino de Atlântida. Assim o próprio Rei Atlas ofereceu as melhores terras costeiras dentro do continente, e os domínios ancestrais dos atlantes nas terras dos homens ao seu irmão gêmeo. Gadir, Tartessos e la Joya eram as únicas três cidades atlantes dentro da terra dos homens. Era sabido por todos que o grande deus Poseidon havia dado aos seus filhos uma grande ilha repleta de todo que existe de bom nesta terra. Todos os recursos que os atlantes precisavam, a ilha fornecia com bastante fartura.
Dez casas dividiam a ilha continente em harmonia e tranqüilidade e prosperavam em tudo que faziam. Possuíam animais de todos os tipos, elefantes, touros, leões, lobos. As terras férteis se estendiam por quase toda ilha. Existia água potável, fontes de água quente, muita madeira e minérios. Até o Oricalco estava presente na ilha. Diziam os antigos reis que tudo isso era dado por Poisedon para que nenhum atlante tivesse que se manchar com a corrupção humana e que enquanto os atlantes se mantivessem no caminho certo a ilha forneceria tudo que eles precisassem.



Terra dos Helenos, Vilarejo de Ioánnina. Atual Grécia.


O jovem Hércules observava ao longe a imensa coluna de fumaça que vinha do próspero e agradável vilarejo de Ioánnina. As árvores próximas ganharam um tom acinzentado e o lindo céu azul da terra dos helenos agora estava carregado com toda fumaça. Depois de três dias caçando, Hércules sonhava em retornar a sua vila e exibir toda sua caça. Seriam dias de festejo, estaria com eles durante várias noites agradecendo aos deuses por tudo que era dado. O caçador era conhecido por todos, mas ao mesmo tempo passava boa parte do seu tempo longe do seu povo, buscando alimento para todos. Era na festa em que o caçador se sentia parte da vida da sua vila, observava que sua solidão tinha um propósito. Duas noites atrás, Hércules estava voltando de mais um grande feito, caçou sozinho o suficiente para alimentar sua vila durante uma semana. Nos últimos tempos Hércules realizará vários feitos. Havia enfrentado dois leões sozinho, viajado até terra dos velhos. Seus feitos chegaram ao Nilo e seu nome já era cantado entre os bardos. Na volta de mais um grande feito Hércules se deparou com a família dos Chalkis se afastando do território onde seus ancestrais viveram durantes muitas e muitas luas. Sem demora, Hércules perguntou:

- O que faz a família de Chalkis longe de sua casa? Não desejam festejar conosco esta grande caça? Enquanto falava, Hércules exibia a grande quantidade de comida que trazia.

Mas com um olhar de profunda tristeza o patriarca Chalkis, Grato falou:

- Nossos pecados transbordaram e atingiram os céus. Pois os mesmos enviaram seus filhos para purificar nossa vila pelo fogo, pelo sofrimento. Aquela coluna de fumaça é um sinal de que nada escapa dos olhos dos deuses. Um sinal de alerta as outras vilas helenas.

O olhar de Hércules focava no ancião e a caça exuberante foi deixada de lado enquanto Grato continuava a falar:

- Hércules, nós desafiamos os deuses quando decidimos seguir nossos sonhos e desejos. Os deuses nos fizeram e nosso destino é determinado. Querer seguir seu próprio caminho é negar a autoridade e poder deles. Estou levando minha descendência pra longe da profanação. Meu nome e dos meus antepassados deve seguir até o fim dos tempos e não cair diante dos deuses e se perder para sempre.